Apesar de jogos indie terem ganho uma força enorme em relação à década de 2000, é notável que ainda são desprezados por muitos, não importa o quanto sejam jogos aclamados pela crítica e público. E um dos melhores momentos para notar isso, são no final do ano, quando a Epic Games Store começa a liberar jogos de graça com maior frequência e você percebe usuários irados, xingando e desmerecendo os títulos dados, se não forem um Red Dead Redemption 2, Uncharted ou algum jogo caro da Ubisoft.
Descrições como “Só jogo bosta” ou “um monte de lixo” não são incomuns com jogos como: Costume Quest 2, jogo da aclamada “Double Fine Productions” que, assim como o primeiro da franquia, conseguiu atingir notas Muito Positivas na Steam; Bloons TD 6, jogo de uma franquia onde todos os títulos tem notas altíssimas e nesse caso a nota é “Extremamente Positivas” na Steam; Horizon Chase Turbo, jogo brasileiro considerado sequência espiritual de Top Gear, contando inclusive com o compositor original do clássico; Sable, jogo aclamado, com visual super peculiar e que conseguiu notas Muito Positivas. E muitos outros.
Jogos indie não são jogos de verdade?
Apesar de não concordar, consigo compreender aquelas pessoas que não consideram jogos indie como jogos de verdade. Afinal de contas em um mundo com uma quantidade absurdamente cabulosa de entretenimento, é fácil ver que algumas pessoas querem apenas se divertir com jogos AAA. Afinal, se tem um enorme público que só curte jogos de futebol como FIFA 22 e FIFA 23, é claro que tem o público que foca só em super produções, não tendo paciência pra aprender a jogar “jogo estranho”.
Obviamente, para pessoas assim, jogos indie não são jogos de verdade, são memes, gambiarras colocadas na internet por pessoas que sabem algo de programação, mas que não devem ser levados à sério. Estão lá para causar algum entretenimento em alguém, mas não é o tipo de coisa que eles gastariam um centavo, afinal não têm uma placa-mãe gamer com slot pra tudo que tem de moderno, pra joga algo com visual de Super Nintendo, certo?
de arte, embora muitos neguem, com conceitos criativos que são colocados
e alguns podem ver, enquanto outros não. Cuphead encantou tanta gente
com seu visual, e Hollow Knight
deixou pessoas de queixo caído. Mas o mundo é grande e pessoas veem de
forma diferente. Portanto é natural que muitos não querem saber de
coisas como história, querem é gráficos lindos e uma jogabilidade cheia de ação.
Algumas dessas pessoas não gostam, mas compreendem a importância de
games indie para a indústria dos videogames. Conseguem entender
claramente o motivo de não ser todo dia que é lançado um God of War
Ragnarok. Mas para outros, infelizmente só parece ridículo mesmo quando
veem alguém jogando um jogo feio que dói e com jogabilidade
completamente parada.
Jogos Triplo A são criados na base do medo
Pra muita gente, é bizarro as pessoas não criarem um Triplo A o tempo todo, afinal de contas se a pessoa sabe fazer gráficos 3D, o que a impede? A pessoa não tem a mínima noção dos investimentos necessários e tempo para se criar. E os próprios jogos AAA são criados na base do puro medo e cheios de limitações.
Sendo assim, é mais fácil apostar em uma fórmula garantida, do que perder tempo tentando inventar algo que pode dar errado. Muitos podem dizer “Mas se der errado, é só fazer outro”. E a pessoa esquece que esses jogos são feitos por empresa, e empresa não tem coração, não tem hobby, não tem vontades. Empresa só quer uma coisa… DINHEIRO. Se aquele novo jogo é fantástico e a empresa sabe que as pessoas vão se divertir, por que não colocar o nome Resident Evil nele pra vender?
Isso sem contar com os acionistas, né? Se eles cismam que algo deve ser mudado, a pressão pra empresa fazer a mudança é monstra. Será que ela vai arriscar não fazer? O problema é que esses investidores não são gamers, são homens de negócios que muitas vezes acham que estão fazendo a coisa certa, mas acabam fazendo várias trapalhadas.
Games Indie são o combustível da indústria
O que muitas dos que criticam indie não sabem, é que os jogos indie é que são o
combustível para a indústria. Se alguns já acham que hoje em dia os
jogos parecem todos iguais e cada lançamento usam a mesma mecânica de
algo que já vimos antes, demorando pra caramba inovar e as sequências
estão focando apenas em novos gráficos e a adição de mecânicas já
vistas, imagina se não tivessem profissionais com liberdade criativa?
Enquanto uma empresa gigantesca gosta de apostar suas fichas em algo que já viu que dá certo, um desenvolvedor indie não tem pressão de acionistas, e boa parte não tem prazos e nem ao menos depende de videogames pra viver. Às vezes a pessoa trabalha o dia todo e tira um horário quando chega em casa pra trabalhar em um projeto. E se não der certo… Bom, é só seguir a vida ou passar para o próximo projeto, né?
E claro, existem empresas indie também. Mas a diferença é que elas fazem seus jogos com muito mais amor que estratégia. Enquanto funcionários de empresas gigantes podem ter ideias, mas no geral precisam seguir ordens e o cronograma da coisa toda, funcionários indie costumam estar envolvidos com o projeto d e um jeito diferente e dá pra realmente mudar tudo e sair algo bem diferente.
Indies podem ter uma ideia inovadora e tentar fazer elas, sem medo de se lascarem. Muitos desses jogos são ignorados, outros ficam escondidos em lojas como o GOG, sem receber muita atenção. Mas às vezes basta um influencer descobrir o jogo e começar a explorar as possibilidades, que a coisa pode estourar bastante.
Um exemplo é Minecraft, jogo que pegou muita gente de surpresa quando saiu. Afinal de contas na época era visto como um jogo feio, quadrado que não se esforçava pra ser realista e ainda era complicado de entender o sistema de crafting que não era nada popular naquele tempo. Porém bastou youtubers começarem a jogar e olha onde estamos hoje em dia, né? Um dos maiores sucessos do Xbox Game Pass Ultimate, com gente implorando pra entrar no Xbox Cloud Gaming.
De repente a mecânica de crafting, que em 2009 não era nada popular, estourou e se tornou uma das coisas mais normais em jogos. E muita gente que despreza jogos indie, se diverte pra caramba com isso em jogos grandes. Esse é só um exemplo de mecânica, mas muitas outras coisas são inventadas em indies e evoluem.
O mesmo serve pra mods e fangames. Tem gente que xinga quem cria mod, dizendo que mods estragam tudo, e quando vai ver, a pessoa é viciada em Counter Strike Global Offensive e Dota 2, que são jogos que nasceram como mods, fizeram sucesso e viraram obras independentes. As empresas sempre estão de olho nas tendências, e indies sempre estão fazendo tendências surgirem.
Notas altas valem de alguma coisa?
Jogos se tornaram itens colecionáveis
O pior é que muita gente até sabe bem o quanto o mercado indie é importante. Eles entendem bem as notas super alta que os jogos recebem e muitas vezes até jogam e se divertem. Mas ainda assim ficam putas quando veem indies sendo liberados de graça. E acredito que o motivo é o fato de que jogos não são mais vistos como algo para se jogar hoje em dia, mas sim para colecionar.
Com a quantidade de jogos grátis que se tem hoje em dia, é muito difícil alguém pegar um jogo e jogar imediatamente. Muito provavelmente a pessoa vai pensar em jogar um dia, sem data determinada pra isso. E os anos vão passando e o jogo vai esperando pra sempre até se tornar velho demais pra pessoa ter vontade de jogar aquilo.
Temos uma sobrecarga de entretenimento com séries, filmes, livros e muito mais. A falta de tempo é grande. E assim, com tanta coisa, às vezes a pessoa até tem tempo, mas fica na preguiça de jogar algo. Quem não tem uma biblioteca gigantesca de jogos que foi pegando ao longo dos anos? Tem pessoas que nem precisam de um PC Gamer, tem tantos jogos, que basta abrir o Geforce Now e conseguem sincronizar com uma penca.
Acredito que as pessoas estejam mais interessadas na satisfação de ter uma conta cheia de jogos caros, do que jogos divertidos. Afinal de contas, diversão pode ser achada de forma fácil sem nem precisar ser seletivo. Você baixa o Battle.net e tem ali Hearthstone pra virar o fim de semana com os amigos, entra na Steam, tem Stumble Guys pra dar umas gargalhadas…
Sendo assim, infelizmente parece ser mais um vício em uma biblioteca de itens caros ou famosos do que qualquer outra coisa. Acredito que a pessoa se auto-sabota, e fica repetindo pra si que vai jogar um jogo, sendo que na verdade ela não vai. A ideia de não ter que gastar aquela nota é que causa um alívio na pessoa, pois gastar vinte conto seria fácil pra ela, mas gastar duzentos, seria algo que simplesmente não aconteceria.
Os indie é que pagam o preço
Infelizmente o resultado disso é um baita de um preconceito com jogos indie, que acaba sendo algo completamente desnecessário. Até a Rockstar Games já criou jogos com visuais mais simplórios, como Grand Theft Auto: Chinatown Wars, e no fim, os indie é que acabam pagando. As pessoas olham para visuais e já começam a xingar sem nem se dar o trabalho de ir atrás. Mas a verdade é que são obras completamente necessárias, afinal de contas não é à toa que Terraria foi o primeiro jogo da Steam a atingir 1 milhão de avaliações positivas.
Fonte: https://news.google.com/__i/rss/rd/articles/CBMiP2h0dHBzOi8vd3d3Lm5lcmRtYWxkaXRvLmNvbS8yMDIyLzEyL2pvZ29zLWluZGllLXJlYmFpeGFkb3MuaHRtbNIBAA?oc=5
2022-12-19 20:14:00